segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O QUE FAZER PARA PRESERVAR SEM SER PENALIZADO ?


Um brasileiro que tem terras e não as cultiva, ou é preguiçoso ou é maluco...

Assim pensamos quase todos os da cidade, os que não têm terra, a imprensa, os políticos.

Houve um tempo, bem remoto, onde a mata era abundante, as cidades sem violência , a população rural predominava, era um pais rural.

E a mata, um entrave ao crescimento... E durou, e perdura ainda esta cultura. O próprio governo estimulou o desmatamento, financiou.



Só com as cidades saindo do controle e com o êxodo rural idem, e sem planejamento e políticas que fixassem o homem no campo, se cristalizou o descalabro.

E muita mentira, muita propaganda daninha, fez o homem da cidade acreditar que era preciso expoliar o campo, para a sua viabilidade.

E leis foram e vem sendo criadas para frear este dano. Só que estas leis não consideram um brasileiro bom, moral, preservacionista. Não contemplam o cidadão que cuida, que não cortou o mato.

O vizinho, que faz tempo não é produtor, mas planta uma lavourinha a meias, em parceria, só para não deixar o mato tomar conta... Vai limpando, com cabras e foice, abrindo clareiras, e mais uma lavourinha...

Vendo de longe, eta pais agrícola, trabalhador. Vendo de perto, esperteza. E é a saída para  quando for a hora, fracionar a terra, vender, virar sítios, condomínio, ou extensão da cidade.

O que preservou até pode cortar se esta hora chegar para ele também. Mas a conta vai ser pesada, injusta!

Não que não tenha que ser paga, mas não é moral a terra que foi limpa para agricultura, ou não, ser beneficiada.

Um mecanismo de compensação, que existe, mas não é bem calculado, deveria equiparar estas terras.

O custo de urbanizar uma terra limpa, que foi manejada há anos para receber esta transformação, seria remunerar aquele que preservou.

Hoje eu faço um condomínio numa área limpa que, digamos, valha R$ 100.000,00 o hectare. Vale porque está limpa. A com mato, ao lado, vale R$ 20.000,00.

Um imposto ambiental deveria transferir esta renda. Sim, renda! A terra preservada rendeu oxigênio, preservação da fauna, retenção de água no solo, equilibrou a temperatura, filtrou o ar,...SUSTENTOU a outra.

E justo seria que a indenizasse. Tanto na renda, quanto no valor ao vender.

Mas nos mentimos, tem um monte de leizinha que isenta a terra preservada... Piada, nem de perto remunera o SERVIÇO AMBIENTAL que presta! E o dono tem que fazer projeto, pagar laudo, e esperar para um burocrata, no ar condicionado, dar sua aprovação.

Pelamordedeus! O Estado tinha que agradecer por cidadãos estarem fazendo o papel de preservar, tinha que ele Estado fazer um levantamento e isentar, compensar, equilibrar esta equação injusta.

Ah, o pais é continental... Outra mentira. O custo desta injustiça está vindo e virá maior ainda. Agora é cedo e barato darmo-nos conta desta conta a ser paga.

E, para os que esperam do mercado tudo, um caminho.

Imprensa, formadores de opinião,  urbanistas e planejadores urbanos criarem regras e produtos que sinalizem que ensinem ao consumidor o que é bom o que é SUSTENTÁVEL.

E este, ao decidir comprar, pagaria cada vez mais por produtos com mais verde.

Este dia vai chegar, mas está distante. O terreno vazio e o mato do meu vizinho faz parecer que meu terreno é maior, que minha casa vale mais... É a materialização desta injustiça.

Mas, como disse, a conta vai chegar. O dia que tudo estiver construído, vamos nos dar conta que não vale tudo isto... E aqueles que preservaram, serão valorizados. Mas bota tempo nisto!

E aqui, na Garopaba, basta imaginar o Morro da Ferrugem, o da Silveira, o Ambrósio, a Encantada, o Macacú, todos loteados e construídos.

Quanto valerá um lote? Quanto valerá Garopaba?

*Artigo publicado no portal ClickGaropaba.com.br

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