Casa Box ou casa com telhado ? Sala clean ou sala de
colecionador? Jardim inglês ou italiano? Iglu ou palácio mourisco?
Espaços aconchegantes,
perfeitos e idílicos são prazerosos e acomodam. Acalmam a ansiedade,
removem angústias, tocam a pele, se transformam em porto seguro.
Espaços ousados e incomuns são provocadores, mexem com
o intelecto, tiram-nos da inércia, angustiam-nos propositalmente, um mar aberto
para a desestabilização, para o movimento.

E desta combinação
“aportar e navegar” que é tocada
a vida. Alguns vivem no porto, outros no mar, e a maioria intercala mar e porto
de acordo com seus anseios, medos e sonhos. Assim são os espaços que criamos.
Pode e deve haver de tudo. É na experimentação que cada um encontrará o
ambiente que lhe convém, que pode ser outro amanhã. Aliás, pode ser um bom
sinal. Não seria fruto da insatisfação, e sim, da satisfação. O que não deveria
haver, é o patrulhamento, o condicionamento psico-social. O modismo arrogante e
pretensioso, esnobe. Inclemente, as vezes.
Chegamos a um estágio onde a igreja, o estado e a
família perderam seu poder, o indivíduo é a base e o fim. E as grandes questões são compreendidas, somente, na medida em que
o indivíduo se vê atendido, respeitado. Meio ambiente é assunto, exatamente por
isso. Significa risco para o indivíduo. Ameaça para a família no seu núcleo
menor. Este indivíduo fortalecido tem como grande vilão do seu crescimento e
consolidação desta força possível, o consumo !
O consumo por modismo, extremamente daninho. E as patrulhas, os pré- conceitos, a mídia não
editorial, os censores comprometidos, reforçam este mal.
Rebeldia ! Vamos sentir o que nos diz algo, o que nos
toca a alma, o que nos serve. Bolas para algumas figurinhas carimbadas,
estrelas de design, pseudo-formadores de opinião, eles mesmos não deveriam se
levar tão a sério...
Viva o indivíduo e suas possibilidades !!
Preto vem , preto vai.
Cadeira vermelha destoando, fazendo contraponto de
sala branca: lugar-comum.
Série de quadros dispostos de forma cartesiana,
P&B, of course.
Livros de design e fotografia empilhados com Gallé em
cima, cruzes !
Móveis , todos dispostos em esquadro, 90º, na sala.
Chaise Le Corbusier na janela.
Lareira horizontal rasgada.
Camisas e blusas todas combinando com o móvel.
Eletrodomésticos, todos, da mesma cor e material,
brand new !
Saturação de não-cor…
Que saco! E a sustentabilidade, o planeta, o bolso ?
Vamos espiar a casa das figurinhas carimbadas, cheia de objetos, descontraída,
cheia de vida. Sabe aqueles quadrinhos pop-art do Andy Warhol que obrigam a por
na parede, porque é
Cult ? As figurinhas só penduram se for original....ou
os quadros com fotos preto&branco, só se forem do Sebastião Salgado ou do
Cartier-Bresson.
O que importa é se ter coisas que nos digam algo, nos
toquem, representem algo significativo, seja do passado, do presente ou um
sonho. Que o mosaico resultante, o espaço que escolhemos para viver, seja um espelho,
um retrato, ou uma luz. Que nos aconchegue ou nos mova, nos aporte ou nos faça
navegar !
E o timoneiro somos nós...
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